DIÁRIO DA MINHA VIAGEM À NÁPOLES EM 28/02/2020

Viajei dia 28 de fevereiro de 2020 decidida (depois de dois dias de titubeação devido a mensagens de amigas sobre Coronavirus).  Acordava firme na minha decisão – afinal foram mais de 6 meses de preparação para fazer o trabalho voluntário no lugar do meu nascimento – em NÁPOLES!  Pesquisei tudo que me lembrava sobre a cidade de Nápoles, sobre o voluntariado – esta ONG neo-zelandesa: IVHQ , e o lugar onde esteve o campo de refugiados BAGNOLI, onde meus pais ficaram de 1948-1951.
 
Depois de um voo curto com a LATAM do aeroporto HERCíLIO LUZ cheguei em Guarulhos em São Paulo as 22:15pm na LUFTHANSA, saímos de São Paulo para Munich (Alemanha),  e chegamos até mais cedo em Nápoles.
 
Cheguei no aeroporto de Nápoles – CAPODICHINO e lá estava o taxista que trabalha para a organização de voluntariado da seção Nápoles do INN (International Nápoli Network ) IVHQ.
 
Chegamos na residência no Centro Histórico de Nápoles (eu não conhecia) e lá estava Ivan, o organizador da INN e logo me explicou tudo sobre o espaço: cozinha, lavanderia, chaves etc…
 
 
Almocei, arrumei as roupas e coisas de banheiro e o CPAP na minha cama. Tomei um banho refrescante no banheiro social feminino e dei uma curta volta na rua e ruelas adjacentes…
 
Experimentei um sorvete delicioso, comprei uma garrafinha de água e fui comprar o chip Wind para poder estar em contato com minha família e amigos. Já me senti muito bem neste local! Sinto que gosto daqui…pensei.
 
 Fui dormir cedo depois de tantas horas em aviões, em aeroportos e fiquei cansada com a mudança de ares também.
No Brasil era a estação de verão bem quente…e aí em Nápoles era inverno ainda com temperaturas em volta de 9C/14C ou menos….
Era sábado dia 29 de Fevereiro.
 
Dormi muito bem – animada para conhecer o lugar no dia seguinte.
 
 

 Dia 01 de março – Domingo:

 Tomei café e comi uma fatia de pão com geléia de abricô que estava na cozinha social. Caminhei até o banco-mat que estava dentro do prédio – não queria trocar dinheiro na calçada por ter ouvido que tinha que me cuidar bastante por causa de ladrões…

 Troquei o dinheiro ;tomei um café italiano na PASTICERRIA  LEOPOLDO – bem bonitinho e muito bom.
Depois fui lá várias vezes curtir meu cafezinho e às vezes incluía um doce muito bom!!!
 
Me explicaram como pegar o metrô e trêm para ver as ruínas – SCAVI DI POMPEI, POMPÉIA. E aÍ cedinho caminhei até o ponto em uma viagem de uns 50 minutos passando por vários vilarejos como BOSCOLEAL e ERCOLANO até chegar na estação SORRENTO.
 
Estava frio – eu vestindo o casaco canadense, gorro e luvas!!! Graças a Deus!!!!
 
No trêm que eu peguei na ESTAÇÃO GARIBALDI a LINHA CIRCUMVESUVIANA, que passava por várias estações, já fora da cidade, via casas no campo estilo italiano, com muitas árvores frutíferas cheias de laranjas, muitos limões sicilianos, pipocando o verde das copas.
Em qualquer cantinho de terra sempre cheio de árvores, e verduras como alcachofras – era o que eu conseguia distinguir por causa das folhas bem diferentes…
e o vulcão Vesúvio à vista na distância.
 
Até que enfim depois de quase uma hora chegamos no ponto final.
 
Saí e segui o grupo de pessoas que pareciam turistas até que comecei a ver lanchonetes, lojinhas, estandes com artigos turísticos etc. Parei numa igreja grande: SANTUARIO DI POMPEI, para observar a arquitetura e o tamanho: incrível a grandeza e a majestade.
É perto da cidade POMPÉIA que estava em ruÍnas agora. Pompéia era uma cidade muito rica da classe alta próspera italiana.
 
Apesar de ter passado várias horas caminhando là, não vi tudo – penso em voltar lá numa próxima vez e incluir ERCOLANO.
 
Durante a noite veio a lava do vulcão e cobriu tudo do jeito que estava – os que estavam dormindo ficaram petrificados na lava até hoje e assim por diante. Tudo coberto com a lava fervente.
 
Caminhei várias horas olhando tudo em volta: cada casa tinha placa com nome a quem pertencia, e o que era cada construção…
Impressionante sempre lembrando da impermanencia das nossas vidas: uma hora tudo bem e de repente já não tínhamos mais nada para dizer que estava bem…
 
Vi uma mocinha afro sozinha e pedi para fazer uma foto minha para ter a lembrança do lugar. E fizemos o selfie de cada uma.
 
E OLHEM QUANTOS ANOS LEVOU PARA OS ARQUEÓLOGOS DESENTERRAREM AS RUINAS DESTA CIDADE ENCOBERTA DE CINZAS DO VULCÃO VESÚVIO!!!
 
E ESTE TRABALHO AINDA NÃO ACABOU…E TURISTAS VÃO E VÊM…DINHEIRO ENTRA ASSIM PARA CONTINUAR…
 
ME DISSERAM QUE NÁPOLI NÃO TEM DINHEIRO.
 
MUITAS OBRAS DE RESTAURAÇÕES por isto MUITO PÓ!!!
Quem paga é a UNIÃO EUROPÉIA.
 
 É MUITO LIXO EM TODA PARTE – isto me decepcionou mesmo…mas trafegar é difÍcil nesta parte da cidade por conta das ruelas estreitinhas e a falta de dinheiro…
 
 
  Quando senti cansaço decidi sair do complexo das ruínas da cidade de Pompei e voltei para a rua da entrada em direção ao trêm.
  Parei para comer uma macarronada num restaurante não tão chique e tomei uma taça de vinho tinto.
Foi muito bom matar a fome assim.
 
  E um pouco antes de chegar na igreja grande, parei numa estande: CHALET DI MIRKO. Vendia limoncello, arancello, meloncello em garafinhas de formas bem diferentes…conversei com o dono chamado Mirko falando-lhe que meu pai se chamava Mirko.
Ele era realmente eslavo morando lá na Itália.
 
  Ao chegar na residência depois de caminhar bastante durante o dia fiquei feliz de poder descansar e ir dormir até a segunda-feira que teria dia da ORIENTAÇÃO.
 
 

 

Dia 02 de março – Segunda-Feira:

 
De manhã por volta das 10 da manhã no escritório estavam Cristiano e Ivan que juntamente a um moço grego chamado NIKOS me explicaram como funciona o lugar.
 
 À tarde só eu fui com Cristiano conhecer o CENTRO HISTÓRICO.
 
VIA DEI TRIBUNALI ,a rua principal, e redondezas – muitas ruelas estreitas de paralelipípedos de lava do vulcão; cheio de vespinhas numa boa velocidade passando nelas quase esbarrando nos transeuntes.
 
Muito animado tudo:
Cores de produtos, pessoas passando e as vezes até carros ou vans (para minha surpresa porque era muito estreito por lá) até a RUA DOS PRESÉPIOS!!! Famoso por lá…
 
E aí vía de fora muitas e muitas igrejas – disse o Cristiano que haviam 450 em Napoles!…
 
Mostrou por onde teria que caminhar até a escola da atividade voluntária…LUDOTECA CITTADINA
 
Você acha que consegui lembrar?? No meio de tudo tortuoso sem ter angulos retos – nada parecido com Floripa ou Toronto…
 

Dia 3 de Março -T erça-feira:

 
Terça-Feira era dia livre:
 
Fui fazer minhas descobertas por onde tinha caminhado no dia anterior: entrei na IGREJA DE SANTA CHIARA, no CLAUSTRO também. Enorme e de muita importância na história de Nápoles especialmente nos tempos áureos – não posso esquecer que NÁPOLES foi a capital do REINO DAS DUAS SICíLIAS durante muitos anos.
 
 
 
Algumas horas andei estudando tudo que estava no lugar da igreja – ruínas romanas, museu com peças de prata, de azulejaria no jardim central, cartazes de mulheres históricas famosas e assim por diante.
Muitas fotos eu fiz…
 
  Tomei um suco detox de Roma – delicioso!!! Gostei da lojinha também…
 
  Encontrei os perfumes CARTHUSIA que são fabricados em CAPRI na ilha.
  Bem especiais….comprei um vidrinho pequeno…
 
Caminhei na VIA DEI TRIBUNALI – a rua principal saindo da INN e tomando qualquer outra transversal sempre era uma incógnita até eu gravar algumas para onde iam…
 
  Vì a placa da CAPELLA SAN SEVERO mas estava fechada naquela hora que passei por lá na volta a residência.
 
  Neste CENTRO HISTÓRICO têm muitas igrejas suntuosas, riquíssimas em arte, arquitetura, artesanatos feitos em mármores, estátuas em gesso decoradas e trabalhos feitos em madeira esculpidas….muita História e Arte.
 
  Nápoles tem três locais de UNDERGROUND mas desta vez não me aventurei em nenhum deles…
 
  Vì muitas influências de civilizações que invadiram, conquistaram esta cidade e deixaram suas marcas nas construções monumentais, na comida, na língua e hábitos dos napolitanos. Eram etruscos, gregos, romanos, normandos, aragoneses e outros ainda.
 
SENTI UMA HARMONIA NOS PRÉDIOS SUNTUOSOS!
Algo de medida perfeita: GOLDEN MEASURE!
 
Religião é muito forte aqui…já que tem 450 igrejas nesta cidade!!!!
 
Ela é MÍSTICA – DRAMÁTICA – têm JOIE DE VIVRE
mas as pessoas aqui sã bem introvertidas (comparando com os brasileiros), mas senti um bom coração!!
 
UM SENHOR IDOSO, QUANDO EU PERGUNTEI COMO IR AO METRÔ, ME DEU UM BILHETE PARA LÁ.
 
E SE MEUS PAIS E EU TIVESSIMOS FICADO EM NÁPOLES, APESAR DA FALTA DE TRABALHO NA ÉPOCA??
 
COMO TERIA SIDO MINHA VIDA ALI????
 

  Dia 4 de Março – Quarta-feira:

  Foi me recomendado visitar o DUOMO igreja enorme…onde tem uma parte avulsa que é a CHIESA di SAN GENNARO com altar etc… em  relação a este Santo padroeiro da cidade.
 
SAN GENNARO é o Santo padroeiro junto com a SANTA PATRIZIA – os restos mortais dela estavam enterrados lá também.
 
 
Tanto o sangue de um como do outro, se liqueficam em certos dias do ano e aí tem procissões.
É de suma importância para os napolitanos.
Ao lado tem o MUSEO DO TESORO DI GENNARO – lá estão as jóias doadas pelo povo (único no mundo) fiquei com os olhos abertos diante de tanta riqueza.
 
Saí, e como tinha ainda um tempinho antes do almoço, fui até a CAPELLA SAN SEVERO.
 
Lá se encontra a escultura em mármore do CRISTO VELATO com o tecido translúcido mas feito em mármore. O escultor GIUSEPPE SANMARTINO nos deu esta obra tão visitada, uma obra inacreditável!
Em volta tem muitas esculturas de artistas sábios e talentosos!
Cristo Velato, Museu Capepella
  A ALMA NESTA ÉPOCA ERA OUTRA COISA!!!!
 
  Á tarde, fui até a LUDOTECA CITTADINA e conheci o lugar das atividades das crianças depois das aulas. Tudo muito bem equipado com brinquedos e até oficinas… as professoras só falavam italiano mas dispostas a me receber nos próximos dias para as atividades.
  Me juntei ao coordenador numa mesinha com algumas crianças arrumadinhas jogando UNO…
 
 
  Voltei mas nestas alturas o vírus já estava ameaçando e fazendo vítimas no Norte da ITÁLIA……
 
  Por isto o ambiente das atividades depois das aulas estava com pouco movimento – as mães das crianças estavam com muito medo.
 
Na segunda visita na LUDOTECA conheci o Sr.CIRO ARANCINI, um ator que já veio a Florianópolis para trabalhar com o PROJETO CEDEP do Padre Vilson Groh.  Ele falava português… e notei que nas paredes da sala tinha pinturas infantis com bandeira brasileira e futebol!!! Aí soube da ligação com Brasil.
 
Com isto meu voluntariado terminou por enquanto.
 
Ivan ainda tentava encontrar uma escola ou outro espaço onde eu poderia fazer este programa de voluntariado mas em vão – todos estavam fechando até próximas informações…
 
Mas fiquei morando na residência INN – INERNATIONAL NAPOLI NETWORK na VIA SAPIENZA 18, no Centro Histórico em frente a Facolta di MEDICINA e CHIRURGIA, Universita Degli Studi Della Campania “Luigi VANVITELLI” de Medicina até dia 12 de março.
 
 

  Dia 5 de Março – Quinta-Feira:

Escolas fechadas, universidades também.
Decidi lavar roupa, cabelo e meu CPAP. A água formou muitos cristais no fundo do conteiner de água e eu me lembrei que deveria procurar água distilada para usar dentro do recipiente.
 
  Fui depois andar procurando farmácia e encontrei…comprei a água distilada e realmente era diferente desta cheia de cristais, bem mais leve…
 
  Voluntárias americanas que estavam em Nápoles já estavam 2,5 meses fazendo o trabalho começaram a deixar a residência para voltar para suas casas nos EUA.
  Os pais começaram a chama-las de volta.
 
Eram bem jovens. Nao foi muito fácil conseguirem voos de volta – cada uma para uma cidade diferente no país…e Trump já estava pensando em fechar as fronteiras….
 
  Lilly: uma jovem de descendência noruguesa/alemã do lado do pai, e havaiana e francesa do lado materno, que repartia o quarto comigo, bem independente, me informou em que site procurar peças de teatro ou óperas no TEATRO DI SAN CARLO.
  Já não tinha mais Ópera.
Ela tinha ido na última apresentação do DON QUIXOTE.
 
Mas… achei a peça WINTER JOURNEY sobre refugiados com CORAL EM INGLÊS bem bacana e música de cantores africanos.
  O Libretto era do COLM TOIBIN – um irlandes! e do LUDOVICO EINAUDI
Achei que era o que eu gostaria .
 Devido à tanta incerteza não comprei o bilhete.
 
E realmente nos próximos dias tudo fechou: teatro, entretenimento, bares, restaurantes etc…
 

Dia 06 de Março – Sexta-Feira:

 
Decidi ir visitar a CHIESA DI GREGORIO ARMENO. Lá na porta tinha um aviso que somente no sábado as 9:00am estaria aberto para o público.
 
DE lá fui a Universidade para ver a CHIESA DI SANTA PATRIZIA tudo estava fechado por causa do coronavirus!
 
  Então me dirigi ao PIO MONTE DELLA MISERICORDIA no Centro Histórico para ver as obras do pintor italiano renascentista Caravaggio. Sua obra “AS SETE OBRAS DA MISERICÓRDIA” está lá junto com obras de muitos outros renascentistas italianos…
 
  Também entrei no MUSEO que ocupava os três andares superiores.
  Tem muito material renascentista italiano e alguns trabalhos contemporâneos.
  Eu fico abismada com o talento em registrar as figuras com os rostos tão expressivos etc…época de alma muito diferente da nossa atual!!!
 
  Hora do almoço estava passada e a fome chegou: um sanduiche e café seria muito bom então logo ali parei na lanchonete LOLLACAFE na VIA DUOMO. Tudo estava delicioso e a conversa ótima – o garçom estava muito interessado no Brasil!!! Na hora de pagar a caixa me deu um corno de coral bem feitinho…mais do que muitos souvenirs que tinha visto a venda por ai.
  Este corno está em tudo…é para espantar os olhares maus.
E o coral vermelho é do mar em volta. Um material muito trabalhado e vendido como lembranças de Nápoles.
 
  Na volta a residência sempre nas mesmas ruas vi à direita um amontoado de gente…e vi que tinha as garrafinhas amarelinhas…era LIMONCELLO!!!
 Era uma fabriqueta de limoncello!!! Entrei e achei bem convidativo…olhei tudo ofertado – queria comprar um de cada mas sabia que na mala não dava – já não da para viajar mais comprando e levando de volta o que o pais visitado vendia de típico .
  Um jovem estava escolhendo uma garrafinha bonita, tinham de muitas formas para poder escolher…e o carinho com o qual fazia está compra me chamou atenção.
  Acabei também levando uma de limoncello e outra de crema di meloncello (melão príncipe) e uns sabonetes em forma de limão siciliano!!! O lugar bem apertadinho de fabricação e a lojinha bem arrumadinha com os artigos amarelinhos do limão me atraiu.
  Fiquei feliz com minha comprinha e fui de volta .
 
Nestas alturas tinha tido uma ideia:
que eu iria ao ARCHIVIO STORICO que estava perto do CENTRO HISTÓRICO para conseguir a 2a Via do meu CERTIFICATO DI NASCITA, assim me confirmaria que realmente tinha nascido lá em NÁPOLES.
 Mas depois de esperar um bocadinho – repartição pública…(conhecia bem do Brasil)…me enviaram para um outro lugar mais perto da PIAZZA di MUNICIPIO.
  Como era longe e tinha que estudar o caminho antes de ir, deixei para outro dia.
 

Dia 07 de março sábado:

 
Fui até a CHIESA GREGORIO ARMENO que estava aberta!
De novo inacreditável a beleza e o trabalho artesanal magnífico dentro da igreja.
Isto tudo em homenagem ao Santo Gregorio que veio para Nápoles da Armênia.
 
Ví cartazes do Genocidio armênio e tirei fotos e enviei aos amigos armênios em Toronto contando desta igreja e a sua homenagem ao seu povo.
 
Passei na RUA DOS PRESEPIOS onde estavam expostos muitos presepinhos de vários materiais: os italianos montam seu presépio natalino começando com uma base – estrutura de casas e ai cada ano compram figuras que representam fazeres diários como fazendo pão, cortando lenha, etc…sendo que toda a peça conta a história de um vilarejo.
 
 
Sentei num café na calçada e me deliciei com o expresso e duas bolachinhas que acompanhavam este.
 
Na residência almocei macarrão com abóbora – muito bom!
 
  Á tarde tomei o metrô e desci em Vomero, um bairro mais elegante, no topo da colina e comecei andança até o CASTELO ST ELMO.
 
Antes de entrar reconheci a joalheria: CAMMEI E CORALI DI PAOLA, onde alguns quatorze anos atrás estive com minha irmã Marcela. Estava ampliada e o dono estava presente…e logo apareceu o Sr Vicenzo, o artesão, que goiva as conchas formando os camafeus maravilhosos, grandes ou pequenos como pingentes.
 
 
 
Na hora tirei fotos e enviei para Marcela no Brasil. Não demorou muito que ela enviou fotos da nossa visita passada lá.
E ela tinha fotografado o artesão com as mãos e goiva na concha!
Era ele mesmo…só um pouco mais jovem.
 
A esposa dele tinha nascido enquanto os pais estavam no campo de refugiados BAGNOLI assim como eu.
Ela era da IUGOSLAVIA.
Os pais dela que poderiam contar mais detalhes sobre aquela época, já tinham falecido.
 
Lá no CASTELO DELL ELMO enorme a vista da BAÍA DE NÁPOLES estava maravilhosa!
 
Com o vulcão VESÚVIO a esquerda e o mar e alguns navios no horizonte e toda cidade formando a baía em volta do mar. Este castelo era super interessante, contaram que até os cavalos com os soldados na época medieval subiram até o topo do castelo onde havia um pátio, cabiam uns 200 cavaleiros com seus cavalos!!
Era uma importante história medieval.
 

Dia 08 de Março – Domingo:

 
 Cedo da manhã fría fui até o MUSEO ARCHEOLOGICO NAZIONALE e lá esperei o ônibus do GUIDE TOUR vir me pegar para fazer o tour da COSTIERA AMALFITANA. Como cheguei bem mais cedo assisti os “homeless” tomar seu café da manhã dado por um moço que tinha uma van com o café.
Daí veio o ônibus com o driver e DAIANA, a tour guide, jovem napolitana bonita e ótima guia informando em três línguas o que chegaríamos a ver no tour.
 
 
  Fomos até a PIAZZA di MUNICIPIO onde vi o TEATRO SAN CARLO! O FAMOSO!!! Onde esperamos mais turistas e como eram mais do que cabia neste ônibus tivemos que esperar um ônibus maior.
 
Chegou!!! E começamos o dia ensolarado mas frio, saindo da cidade fazendo o caminho da costa em direção á Sorrento (como fiz de trêm) Vesúvio sempre no lado esquerdo, e nós viajando na costa que já estava bem alta…
 
O nosso motorista era bem cuidadoso especialmente nas tantas curvas pequenas bem apertadinhas, as vezes o ônibus ocupava todo espaço para poder manobrar e continuar a rota.
 
Daí parou numa loja muito bonita cheia de artigos típicos italianos: louça com os limões sicilianos, sabonetes em forma de limões, perfumes etc, e até trabalhos bem contemporâneos de um artista que prensava flores secas em pratos de resina. Bem bonitos!!!
 
Tomei um expresso e comi um doce delicioso!!!
 
Continuamos o trajeto ouvindo as histórias e os nomes dos lugares, rochas (tudo de acordo com a mitologia grega etc)…e o mar de uma cor azul escuro que só tem por lá…
Num trecho tão alto que eu sentada do lado da janela no ônibus, ao olhar para baixo para o mar, senti um enjoo e quase que fiquei tontinha…mas sempre lindissimo!!
Divino lugar!!!
 
Até que paramos numa cidadezinha chamada AMALFI.
Vários ônibus já estavam parados no estacionamento.
Dava para ver a Chiesa da cidade e várias lojinhas com seus produtos coloridos!!! Saimos do ônibus e percorri tudo.
Estava acompanhada de uma moça do ônibus, uma alemã jovem MANYANA que tirou uma foto minha na escadaria da igreja. E eu dela. Conversamos bem interessadamente…
Aliás fiquei surpresa com o conhecimento dela de Constelação Familiar e me contou que ela praticamente se tornou a mãe de três homens: dois irmãos e o pai quando a mãe decidiu sair da familia. Os filhos decidiram ficar com o pai para não perder as amizades na escola. Ela super independente disse que não precisava se casar por isto.
 
Ví as louças maravilhosamente decoradas com os desenhos mediterâneos alegres em várias formas de pratos. …mas não consegui encontrar o tamanho que eu gostaria para ter para minhas saladas aqui em casa.
Também, como levar?
 
Aí continuamos o caminho até RAVELLO .
Ficamos todos soltos andando e vendo a beleza da vista…e de novo fomos até o ponto final…andamos na subidinha na rua estreitinha até o RISTORANTE E PIZZARIA SAN GIOVANNI para nosso almoço. Foi servida uma salada muito bem temperada, um macarrão com molho a bolognesa ótimo com um vinho tinto e depois a sobremesa, PASTICERRIA.
E assim se findou nosso passeio pela COSTIERA AMALFITANA.
 
De volta foi bem mais rápido e em outro trajeto.
Me deixaram no local do MUSEO e voltei para a residência cansada mas lembrando muito o que minha mãe falava:
“Ah! As tantas curvas, mas tantas… que seu pai dirigindo, e eu, sempre caindo bem pertinho do lado dele.”
Estavam na lua de mel, apesar de estarem alojados no campo de refugiados e longe dos pais, amigos e sua terra natal.
 
Mas eu não estava com meu amor, mas posso dizer que é DIVINO o tour todo!!

 

Dia 09 de Março – Segunda-Feira:

 
Caminhei em direção a VIA TOLEDO até a PIAZZA DI MUNICIPIO.
 
Vulcão Vesúvio, vista da Piazza di Municipio
 
Lá fui bem surpresa com uma praca cheia de esculturas de 100 lobos!!! Cada um, um pouco diferente. Mas de forma bem agressiva.
Chama-se 100 LOBOS DE FERRO.
100 LOBOS DE FERRO
100 LOBOS DE FERRO
O artista chines LIU RUOWANG e o italiano MILOT produziram esta instalação.
 
  Esta instalação representa os perigos que ameaçam, de um ponto de vista natural e social a existência da raça humana e consequentemente o trabalho quer encorajar humanismo a enfrentar adversidades com coragem e perverseverança!!!
 
  Depois de andar em volta e no meio dos lobos refletindo seu significado decidi ir até a beira da água (LUNGOMARE) atravessando a PIAZZA DI PLEBISCITO.
Também uma praca grande com um PALAZZO REALE… cheio de esculturas na frente da parede externa do prédio.
Era a residência da CASA DI SAVOIA quando Nápoles era a capital das DUAS SICÍLIAS entre 1730-1860.
 
E aí cheguei na beira-do-mar onde haviam muitos vendedores com suas estandes, cada um de um país diferente… talvez refugiados que atravessaram o Mediterâneo a procura de trabalho e segurança!
 
Vi a GALLERIA UMBERTO e fiquei impressionada com a arquitetura mas achei vazio… não tinham lojas nem cafés no ambiente interno, uma pena porque tinha um ambiente bonito…
 
Galleria Umberto
  Parei numa lojinha que tinha artigos de limão siciliano e aproveitei para tomar um suco de limão bem amarelinho e azedo, mas valeu.
Ví do lado um espaço pertencente a uma lojinha com  mesinhas e um pizzeiro fazendo pizzas margherita, com aparência e cheiro cativante. Abriu meu apetite.
 
Como ele só fazia grande, desisti, mas a vontade ficou…lembro bem!!!
 
E de volta novamente até a VIA SAPIENZA 18!!!
 

Dia 10 de Março – Terça-Feira:

 
Com as notícias traduzidas do italiano, Ivan me informou que seria bom eu verificar meu bilhete para sair da ITÁLIA.
 
Fui no quarto escrever umas anotações, enviar email para agência de turismo da IVHQ para LEANNE.
 
Ela logo me enviou um bilhete novo remarcado para CORK na IRLANDA.
Na verdade tinha pedido de volta para casa mas como o original era para CORK ela deu um jeito para eu ver o filho Bruno e família.
Disse para Ivan não se preocupar que o bilhete estava acertado.
 
Me vesti com casaco, luvas e gorro porque o dia estava cinzento, frio e molhado…caminhei fazendo a rota de sempre, até chegar perto do bancomat, parei e olhei tudo em minha volta e fiquei impressionadíssima com o que presenciei: umas ruas vazias, com seus prédios monumentais, sem vida, além de um ou outro ser humano usando uma máscara cobrindo o rosto praticamente todo e andando com pressa.
Me lembrou muito os quadros do GIORGIO DI CHIRICO.
 
Mystery and Melancholy of a Street by Giorgio de Chirico
 
De repente parei e lágrimas vieram nos meus olhos: NÁPOLES tão maravilhosa, monumental – que era uma capital durante muitos anos de sua vida – agora totalmente vazia!!!!
 
Chorei pela situação do turismo, da economia e da falta de perspectiva, incerteza do que o futuro traria…esta cidade e país tem tanto para oferecer para o turista em matéria de arte, arquitetura, comida, moda, joie de vivre, música, ópera e etc…
 
E agora, para que tudo aquilo?
 
Fui ao “bancomat” tirar uns euros que poderia usar na Irlanda e à farmácia para adquirir Vitamina C. Passei pelas ruínas gregas na PIAZZA DANTE e as fotografei bem no CENTRO de NÁPOLES.
 
Lá ao lado tinha uma galeria de arte aberta (não tinha reparado em outros dias…) olhei os quadros à oleo, interessante a ideia do artista…e pedi um expresso na pequena cafeteria dentro do estabelecimento. Ràpidamente passou a ideia de tomar um metrô e me mandar para POZZUOLI conhecer a CHIESA DI SAN PAOLO onde fui batizada, mas o MOOD já não estava para fazer turismo.
 

Dia 11 de Março – Quarta-Feira:

 
Este dia foi dedicado a fazer as malas e lavar roupa. Assim levaria tudo limpinho para não precisar fazer isto lá em Cork tão logo. Minha ideia inicial era de passar 12 dias com a família mas tudo mudou novamente.
 
Estava escrevendo o roteiro dos dias em Nápoles para não esquecer – que é bem fácil esquecer quando tem tantos lugares interessantes para ver!!
Conversei com uma das últimas mocinhas americanas que ainda estavam lá (e assim conheci um pouco da realidade dela)…gosto de interagir com os jovens responsáveis também!!
 

Dia 12 de Março – Quinta-feira:

 
Ainda dei uma voltinha no bairro e tomei um café pertinho…vi algumas caixas na calçada com pijamas, camisetas etc na frente de uma vitrine, entrei… e como gostei dos artigos, comprei para toda familia. Achei que como ia ficar vários dias na casa do Bruno, que seria legal levar os pijamas…
 
Comi um sanduíche na PANETTERIA BOTEGHELLE logo ao lado do começo da Via Sapienza (tudo orgânico e feito em casa)…no estilo que gosto bastante.
 
Conversei com Ivan para me ajudar com minha mala grande para eu poder desce-la 5 lances de escadas e então colocamos a mala ao lado das grandes lixeiras.
Ele ainda fez um bilhete explicando para os moradores que era mala de uma voluntária.
 
Me despedi do Ivan e fui dormir.
Ele foi para sua residência.
Tudo estava pronto.
 
Nesta noite dormi não muito bem, para acordar ás 5:00am, para me vestir, fechar a mala, tomar café (que ainda tinha na cozinha).
 
Fechei tudo; deixei as chaves no lugar combinado e desci as escadas até a garagem/entrada do complexo.
 Botei a mala grande na frente do portão e esperei o taxista.
Chegou certinho na hora e fomos até o aeroporto da cidade…
 
Lá fui surpreendida – o aeroporto era bem bonito e grande – mas, me comunicaram que era para esperar o ônibus na calçada da frente e pegar o ônibus até ROMA, no aeroporto de  FIUMICINO!
 
A viagem foi boa, não tinha muita gente no avião. E lá, haviam muitas filas…então me falaram que minha reserva não constava no online… fui até a outra moça que também me disse que primeiro eu tinha que resolver esta questão…e assim ia de lá para cá.
  Até que enfim me disseram que estava tudo ok e podia entrar para o saguão de embarque.
 
Tudo em ordem, depois de esperar e comer sushi, então entrei no voo…
 Chegamos em SCHIPOL em AMSTERDAM e lá fiquei esperando 5 horas, tudo vazio em volta… então peguei o voo para Cork com AER LINGUS.
 
  Foi bem bom ver Bruno e Vanessa ao descer do avião.
Pegamos um taxi e fomos até a casa deles…
Era num condominio novo bonito com casas em volta com seus jardins arrumados. Tudo molhado…
Jantamos e contamos tudo de forma animada…Tales me deixou dormir na cama dele e ele no sofa.
 

Dia 13 de Março –  Sábado:

 
  Manhã fría, cinzenta e molhada…olhando fora da janela Vanessa me informou que no rio LEE tinha gente caminhando e “jogging”…
Depois de um café da manhã muito bom, Vanessa caprichou… fez uma ótima granola. Dai decidimos ir resolver uns assuntos no centro de Cork.
Pegamos o ônibus e lá caminhamos, encomendamos a água distilada para meu CPAP, compramos uma tomada (que a tomada irlandesa era diferente da italiana e da brasileira…).
Então voltamos para comer em casa uma macarronada muito boa.
Papeamos mais um pouco…
Aliás, tinhamos visto uma decoração na cidade para dia de SÃO PATRICIO dia 17 de março, mas sabiamos que não haveria procissão nenhuma devido a COVID 19.
 
 

Dia 14 de Março- Domingo:

O Sol tinha saído e víamos mais e mais pessoas passeando ao longo do rio. Vanessa estava trabalhando no hotel e Tales não quis ir conosco… Bruno e eu caminhamos na beira do rio…fizemos algumas fotos bem boas. E estava bonito e alegre ver as famílias caminhando com seus filhos e cachorros.
 
 
As flores de primavera DAFFODILS contornaram toda borda do gramado bem aparado.
Esta hora foi a única junto com Bruno.
 
 
    
 
 
No dia seguinte com as notícias apavorando ainda mais, achei que talvez eu não poderia voltar para casa se fechassem os aeroportos da Europa…e do Brasil?
 
Aí avisei a Leanne da agência para antecipar meu voo de volta para Florianópolis.
Me enviou em algumas horas uma nova remarcação…
 

Dia 15 de Março – Segunda-Feira:

 
Comendo, papeando e falando sobre a situação do vírus no mundo…
 
Decidi que era melhor voltar para casa…
 
Então Bruno viu o bilhete e disse: “já você terá que ir á Dublin, á noite poderia ligar para uns amigos para que você dormisse na casa deles…
Outro amigo Leandro me buscou de manhã cedo e me levou para o aeroporto…

 

Dia 16 de Março – Terça-Feira:

 
  De manhã ainda falamos um pouco e no fim da tarde me levaram até o Coach Station… onde peguei o ônibus. Sentei bem na frente e fui papeando com o jovem motorista irlandes, a viagem toda á DUBLIN…
 
  Ele me deixou na calçada no ponto e peguei um taxi que me levou na casa do André e Cíntia,(amigos brasileiros do Bruno) que eu conheci numa manifestação aqui em Floripa.
  Foram muito atenciosos, e estavam esperando com pizza para o jantar. Me mostraram o quarto e aí logo todos fomos dormir…
No dia seguinte já tinham ido trabalhar, então o Leandro (amigo do Bruno) veio me buscar.
Fomos até o aeroporto e lá eu me diverti olhando as lojas bonitas com artigos irlandeses de turismo…
Mais para o fim do dia chegou o avião da BRITISH AIRWAYS. Cheguei logo em HEATHROW, Londres.
 
Fiquei pasma em ver a frota gigantesca desta aviação todinha no pátio…
 
 Á tardinha, já no avião para Guarulhos, fiquei aliviada, e o cansaço do dia veio também
medo de perder o vôo e apreensão com o vírus…
 
As 6 da manhã o vôo desceu em Guarulhos em São Paulo.
Depois de pegar as malas…fui direto na LATAM ver se mudava o vôo do fim da tarde para mais cedo…nada feito!
British Airways não mudava mais nenhum vôo…aliás eram os últimos, talvez este era o ultimo para Brasil?.
 
Passei o dia olhando tudo, andando ali e ficando fora do estabelecimento para tomar sol e ficar longe das pessoas…(não muitas usavam máscaras…)
 
E no fim da tarde cheguei em Florianópolis: HOME SWEET HOME!!!
 
Foi uma aventura esta viagem para o lugar do meu nascimento…sempre lembrando que quando meus pais estiveram lá no campo de refugiados a situação era bem mais incerta que a minha…isto me dava mais forças!
  E em nenhum momento fiquei com medo de algo acontecer comigo!
Meu anjo estava comigo também!!!
Gratidão!
 
  Hora de voltar para concluir a viagem quando terminar a história do vírus!!!
Adorei re-ver NÁPOLES e fiz certo em visitar o lugar, curtir o que deu nestes dias tensos.
 
Estes são alguns livros pesquisados, antes e depois da viagem a Nápoles:
 
 

 

Gostaria de adicionar algumas noções sobre o trabalho voluntário:

 

Percebi que no mundo inglês este tipo de experiência é muito importante e valorizada. Pode ser na sua cidade ou num outro lugar no mundo. 

Para entrar na faculdade e quase um pré-requisito fazer várias horas deste trabalho na área que você gosta, isto no Canadá e nos Estados Unidos. Também juntar pontos no seu currículo  para encontrar um emprego.

Os jovens e as jovens, aprendem a cuidar das suas refeições na cozinha comunitária, de si mesmo; aprendem a ser bem independentes, viajam para conhecer os lugares turísticos e se viram lá, não importa se conhecem a lingua do país ou não. Conhecerão outros jeitos de viver, diferentes moradias, hábitos, vestimentas etc.

Alguns tipos de trabalho oferecidos no mundo: 
(cada lugar oferece algumas especialidades):

  • Aulas de inglês;
  • Atividades com crianças pós aula;
  • Ambiente;
  • Engenharia – construir uma escola na África;
  • Trabalhar com animais na África;
  • Enfermagem, medicina, terapias e etc.

Então, convido quem se inspire para ter esta vivência no mundo, ou no seu local de moradia, no tipo de trabalho que gosta. Não importa a sua idade, sempre tem o que aprender e doar.

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